Por que aumentou casos de sífilis no Brasil?
O Brasil enfrenta uma epidemia acelerada e silenciosa. Os dados mais recentes do Ministério da Saúde confirmam: as taxas de detecção de sífilis bateram recordes históricos em 2024 e a tendência de alta continua em 2025. Entre 2010 e junho de 2025, o país registrou mais de 1,9 milhão de casos de sífilis adquirida.
Neste artigo, explicamos diretamente o que impulsiona esses números, quem são os grupos mais afetados e o que você precisa fazer hoje para se proteger, com base nas estatísticas oficiais mais recentes.
A explosão dos números: um recorde indesejado
Os números assustam pela consistência do crescimento. Em 2024, a sífilis adquirida atingiu a taxa de 120,8 casos por 100 mil habitantes — o maior índice já registrado desde 2010. Em algumas análises regionais, as notificações simplesmente dobraram entre 2019 e 2023.
A situação é ainda mais crítica quando olhamos para gestantes e bebês:
- Gestantes: Foram 810.246 casos acumulados até junho de 2025.
- Transmissão Vertical (Mãe para filho): A taxa de detecção chegou a 35,4 por mil nascidos vivos em 2024.
- Geografia: O Sudeste concentra quase metade dos casos em gestantes (45,7%), seguido pelo Nordeste (21,1%).
As reais causas do aumento
Por que os números subiram tanto? Especialistas e dados do governo apontam para uma “tempestade perfeita” de comportamento e falhas estruturais.
1. O relaxamento na prevenção
Jovens entre 15 e 25 anos baixaram a guarda. Com o avanço no tratamento do HIV, que o tornou uma condição crônica controlável, o “medo” das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) diminuiu. O resultado é a redução drástica no uso de preservativos.
2. Comportamento de risco
O aumento de múltiplos parceiros sexuais, o sexo sem proteção (seja vaginal, anal ou oral) e o uso de aplicativos de encontros facilitam a circulação da bactéria. Além disso, práticas como sexo em troca de presentes ou associado ao uso de drogas injetáveis aumentam a vulnerabilidade.
3. O efeito da Pandemia
A Covid-19 interrompeu cadeias de cuidados essenciais. Durante o isolamento, o acesso a testes, preservativos e pré-natal foi prejudicado, represando diagnósticos que agora aparecem nas estatísticas.
Quem são os mais afetados?
A sífilis não escolhe classe social, mas os dados mostram perfis claros de vulnerabilidade. O público jovem adulto domina as estatísticas. Em São Paulo, por exemplo, a faixa de 20 a 29 anos atingiu uma taxa alarmante de 617,9 casos por 100 mil habitantes em 2024.
| Faixa Etária | Cenário Atual | Dados de Destaque (2024) |
|---|---|---|
| 15-19 anos | Alta preocupante em gestantes | Queda leve de 5% na população geral, mas risco alto na gravidez. |
| 20-29 anos | Maior concentração de casos | 26,2% dos casos em mulheres; Pico de incidência em SP. |
| 30-39 anos | Aumento entre homens | Taxa de 404,3/100 mil em SP. |
| Homens | Lideram sífilis adquirida | Razão de 8 homens infectados para cada 10 mulheres notificados (2022). |
Fique atento aos sintomas
A sífilis é traiçoeira porque seus sintomas vêm e vão, mas a doença continua avançando no organismo se não tratada.
- Fase Primária: Surge uma ferida (cancro) indolor e dura nos genitais ou boca, que desaparece sozinha. Muitas pessoas ignoram essa fase.
- Fase Secundária: Manchas vermelhas nas palmas das mãos e pés, febre, queda de cabelo e ínguas.
- Fase Latente: A doença “dorme”. Não há sintomas, mas a bactéria danifica os órgãos silenciosamente.
O que você deve fazer agora
A prevenção e o tratamento são gratuitos e acessíveis pelo SUS. Não espere sintomas aparecerem para agir:
- Use camisinha: É o método mais eficaz contra a transmissão em qualquer tipo de relação sexual.
- Faça o teste: Se você tem vida sexual ativa, procure uma Unidade Básica de Saúde (UBS). O teste rápido fica pronto em minutos com apenas uma gota de sangue.
- Tratamento imediato: Se o resultado for reagente (positivo), o tratamento com penicilina benzatina começa na hora. Ele é curativo e interrompe a transmissão.
- Trate o parceiro: A reinfecção é comum. Se você se tratar e seu parceiro(a) não, a doença voltará.
A sífilis tem cura, mas também pode deixar sequelas graves ou matar. Em 2025, a meta é testar, tratar e educar. Faça a sua parte.

